terça-feira, 23 de maio de 2023

Famílias da comunidade judaica da Mooca

Minha mãe, Dora Dina, meus avós maternos Ida Rebeca e José Rosenblit, e minha bisavó Anna Sarah Bergman Lafer, moraram no bairro da Mooca, na Rua Dom Bosco, até 1948, quando se mudaram para a Vila Mariana, na época em que minha mãe completou nove anos. Pelo que minha mãe contava, na Mooca eles eram uma das poucas famílias de origem ashkenazi: Minha mãe nasceu no Brasil, minha avó também, mas até 1933 morou na Alemanha, local de nascimento de minha bisavó. Já meu avô nasceu na Bessarabia, chegando ao Brasil em 1928. Na Mooca, minha mãe frequentou a escola pública, como muitos da comunidade judaica originária de Tzfat, Seida(Sidon) e Beirute. Dividia a carteira, no grupo escolar, com sra. Lorice Chatah. Conheci sra. Lorice em uma cerimônia ocorrida em 2017, na Sinagoga União Israelita Paulista, uma das duas sinagogas localizadas na Rua Odorico Mendes. Apesar de não a conhecer anteriormente, sra. Lorice logo me perguntou se eu era a filha da “Dorinha”, e contou que dividiam sim a carteira escolar, mas nunca o lanche que traziam de casa. Cada uma carregava em seus lanches as tradições de suas origens, e, minha mãe, como sra. Lorice lembrou, trazia sempre um sanduíche de pão preto, pepino azedo e algo mais, que minha avó preparava.

Naquele ano de 2017 tive a oportunidade de caminhar um pouco pelo bairro e conhecer as duas sinagogas, a Sinagoga Israelita Brasileira e a Sinagoga União Israelita Paulista, e conversar com sr. Jamil Sayeg, sr. Isaac Jamil Sayeg, Rachel Mizrahi, Linda Zeitoune, Haim Zeitoune, Olga Clara Zeitune, Victoria Hadid e Cesar Serur. Conversei também com Lili Muro Zaitoune Muro, que comentou:Como já havia lhe contado, meu pai Ibrahim Zaitoune, assim como outros que conheciam bem a Torah, eram Chazanim na Sinagoga Monte Sinai na Mooca, pois não havia um Rabino na nossa Sinagoga. E quando o terreno da Rua Piauí foi comprado, infelizmente eles já haviam falecido”. Ao escrever sobre a Sinagoga Monte Sinai, localizada na Rua Piaui, e o Projeto Memória, ali criado, Tania Nigri entrou em contato. Tania escreveu: “Olá, parabéns pelo seu trabalho. Como conseguimos assistir aos vídeos? Meu avô Lázaro Setton foi chazan da Congregação Monte Sinai na Mooca e em Higienópolis. eu tenho algumas coisas sim. Vou mandar o link da árvore genealógica que estou fazendo, e se você clicar nele verá todos os documentos”. Mauricio Calderon também solicitou mais detalhes: “Também gostaria de ver os vídeos. Agradeço a indicação”.

 

Ao retomar, em 2023, a pesquisa sobre a imigração judaica ao bairro da Mooca, familiares de antigos moradores do bairro e que frequentavam uma das duas sinagogas, postaram observações tanto no Instagram com nas páginas do Facebook, e manifestaram interesse por mais detalhes, como Marcelo Mansur, que comentou:Saudades da minha infância nessa sinagoga (da Mooca)”.

Vejam mais alguns comentários publicados nas redes sociais:

Fabio Homsi: “Época mágica só existia alegria”.

Marcos S. Sayeg: “Meu Tuhur, ou Brit-Milah foram nessa sinagoga (União Israelita Paulista)”.

Waldir Jacob Rotband Marchtein:Meus tios moravam na Mooca. Eles moravam no número 2486 e tinha uma Loja de Moveis Chamada Casa Grande na Rua da Mooca”.

Betti Epelbaum:Tenho um documento de uma parente que morou na Mooca. Ela me mandou o documento. Como faço para enviar a você? Vou passar para ela os seus dados. Ela é uma pianista e foi cantora do Municipal. O nome dela é Esther Fuerte Waiman”. Acompanhem, na próxima postagem, detalhes da conversa que tivemos, em um primeiro momento, por telefone. E combinarei para conhecer este documento indicado por sra. Betti.

 

Pergunto aqui novamente: você, ou seus familiares, gostariam de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog? Frequentaram ou frequentam as sinagogas da Mooca, ou a Monte Sinai em Higienópolis, moraram na região da Mooca, ou em bairros próximos?

 

Teriam alguma informação sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceu? Como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? 

 

Escrevam para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes... 


terça-feira, 11 de abril de 2023

Congregação Monte Sinai em Higienópolis

Localizada à Rua Piauí, a Congregação Monte Sinai foi fundada em junho de 1971. Originou-se por uma migração dentro da capital paulista: seus membros, anteriormente nos bairros da Mooca e do Ipiranga, deslocaram-se para a região da Avenida Paulista e Higienópolis. Esta comunidade propôs manter os costumes e melodias das rezas da Sinagoga Israelita Brasileira. O nome da Congregação - Monte Sinai - remete ao Grêmio Monte Sinai, que existia na Mooca.

Para a construção da sinagoga, a aquisição de um terreno foi efetuada em julho de 1971, sendo a sinagoga inaugurada, ainda em obras, no Pessach de 1974. Joseph Meyer Nigri foi o engenheiro da construção. 

Como verificado em visita à sinagoga, o espaço interno do edifício é amplo e moderno, com bancos, na ala masculina, dispostos nas laterais e no mesmo piso da Teva/Bima e do Hekhal/Aron Hakodesh. Os amplos vitrais, na parte posterior ao Hekhal/Aron Hakodesh, e nas laterais, propiciam claridade e iluminação. Uma galeria feminina está situada em piso elevado, no mesmo espaço, e um salão e salas situam-se no subsolo da sinagoga. 

Os chazanim Jacoube Cohen, Lázaro Setton e Alberto Savoia chegaram  a conduzir os serviços religiosos. Em 1982, os trabalhos diretivos da Monte Sinai foram transmitidos aos filhos dos fundadores. Em junho de 1985, Isaac Michaan, de família de Alepo, ligado ao Chabad, assumiu como rabino. Em 2019, conduziam os serviços religiosos desta sinagoga os Rabinos David Azulay e Yossef Sisro. Importante destacar que o Centro de Memória do Museu Judaico de São Paulo dispõe de fotos desta sinagoga, além de três vídeos do “Projeto Memória”, iniciado em 1992. Espero em breve poder divulgar mais detalhes sobre este projeto.

Pergunto aqui, novamente: você, ou seus familiares, gostariam de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog? Frequentaram ou frequentam as sinagogas da Mooca, ou a Monte Sinai em Higienópolis? Waldir Jacob Rotband Marchtein comentou que os tios moravam na Mooca. E você, ou familiares, moraram na região da Mooca, ou em bairros próximos?

Teriam alguma informação sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceu? Como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? 

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segunda-feira, 27 de março de 2023

A Sinagoga Israelita Brasileira no bairro da Mooca

Aqui compartilho uma publicação de 2017, quando realizamos uma visita à Sinagoga Israelita Brasileira. A visita ocorreu em 27 de dezembro, quando pudemos conversar com sr. Jamil Sayeg e seu filho, Isaac Sayeg. Naquele dia esive acompanhada de David Carlessi, Rachel Mizrahi, Linda Zeitoune, Haim Zeitoune e Victoria Hadid.

Segue o texto publicado. Caso você ou seus familiares tenham frequentado esta sinagoga, agradeço se puderem deixar seus comentários, ou encaminhar um texto, fotos, documentos e contatos para meu e-mail, indicado ao final desta publicação:

“Sr. Jamil nos contou em 2017 que esta sinagoga foi fundada em 1930 pela coletividade síria sefaradi de São Paulo, sendo os fundadores o sr. Isaac Sayeg (pai do sr. Jamil) e o sr. Nassim Nigri. Noventa por cento da coletividade israeli síria residia na Mooca. Sr. Jamil comentou: “A sinagoga tinha alta frequência, inclusive de sábado, não só nas Grandes Festas. A frequência aos sábados, com o tempo, foi diminuindo. Mas nas Grandes Festas, por um longo tempo, se manteve. A sinagoga ficava sempre lotada, não havia cadeiras vazias, sempre com muitos cohanim. Muitos estão hoje em Higienópolis, na sinagoga mais recente...são os descendentes”. A frequência nesta sinagoga começou a diminuir com a “migração” dos frequentadores para Higienópolis, motivada por problemas com as enchentes no bairro da Mooca, e o enriquecimento desta coletividade. Como enfatizou, os sefaradim iam para a Mooca, os ashkenazim para o Bom Retiro. 

A escolha do bairro pela coletividade judaica oriental esteve inserida no contexto do fluxo de imigrantes de diversos países à cidade de São Paulo. Os imigrantes escolhiam a Mooca, entre outros motivos, pela proximidade à estação da estrada de ferro, à Hospedaria dos Imigrantes e aos locais de trabalho (o centro da cidade, e a região da 25 de março, aonde tinham comércio, por exemplo). E os novos imigrantes, ao chegarem à São Paulo, estabeleciam-se próximos aos que já haviam chegado anteriormente. 

O rio Tamanduateí, na época da chegada dos imigrantes, era limpo e a região “muito bonita e arborizada”. No rio era possível “fazer mikve” e não havia o problema de inundação. A Mooca era um bairro residencial, mas também com diversas indústrias, entre elas a Antarctica e diversos lanifícios, como a Santista e Textil Elizabeth. Porém sr. Jamil comentou que a região da Rua Odorico Mendes, aonde situa-se a sinagoga, era totalmente residencial, com casas muito parecidas umas das outras, casas médias e pequenas, provavelmente muitas para moradia dos operários da região. Este perfil residencial “seguia até a Rua Ana Nery, aonde se situava a Antarctica” (local de um longo muro e um local de eventos). Nesta comunidade, os mais abastados moravam na Av. D. Pedro, ou próximo ao Largo do Cambuci e Aclimação. Como exemplo, a família Nigri morava na Av. Dom Pedro. O Parque D. Pedro, lembrou-se Isaac, era muito arborizado, os homens caminhavam bem vestidos, de paletó e gravata, as mulheres de vestidos. Os ônibus trafegavam pela Praça Clovis. Com o tempo, o bairro e o Parque D. Pedro teve seu perfil alterado.

Sr. Jamil se lembrou que na Rua Dom Bosco o pai teve uma tecelagem... e era um benfeitor, investiu na comunidade (ganhou o maior prêmio de loteria de São Paulo). Mas enfatizou que foi a família Klabin quem doou o terreno com o objetivo de se construir uma sinagoga. Os terrenos da região pertenciam aos Klabin. Porém a construção do edifício da sinagoga coube ao sr. Isaac Sayeg e à coletividade judaica síria que estava chegando à cidade. Os frequentadores desta sinagoga, como comentou, eram originários de Sidon(Seade) e Beirute.

Com o crescimento da comunidade judaica do bairro, cogitou-se a construção de uma sinagoga maior em um terreno à rua Barão do Jaguara. Porém parte dos frequentadores optou pela construção de uma nova sinagoga à Rua Piauí, denominada Congregação Monte Sinai...

A Sinagoga Israelita Brasileira mantinha-se ativa até a pandemia, continuavam em atividade. E como comentou Isaac, filho do sr. Jamil: “prometemos ao meu avô que não iríamos fechar!!”  E para tanto, vemos que a comunidade judaica do entorno e bairros próximos está crescendo...

O edifício da Sinagoga Israelita Brasileira estava, naquela ocasião, em “constante manutenção”, para que fosse possível permanecer em uso: paredes pintadas, iluminação excelente, piso reformado. Os bancos desta sinagoga, originalmente em madeira, por terem apresentado cupim e estarem sem condições de uso, foram substituídos por cadeiras plásticas, dispostas ao redor da Bimáh, ou no entrono das mesas utilizadas para estudo.  Como nas sinagogas de origem oriental, a Bimáh estava situada a uma certa distância do Aron Hakodesh, ao centro do espaço masculino. A entrada lateral, através de alguns degraus ladeados por duas colunas, diferencia-a das demais sinagogas já descritas. 

Por outro lado, como nas demais sinagogas já visitadas, verificamos uma galeria feminina, com muretas permitindo a visão e acompanhamento das rezas, situa-se no pavimento superior.

Um salão de festas, no subsolo, era utilizado como local para as comemorações, festas e encontros. Como contou Carlos Adissi, este foi o local aonde os pais, David e Amélia Adissi, se conheceram e a sinagoga aonde casaram. Carlos escreveu: “Essa era a sinagoga que frequentavam. Para gente da minha geração, traz muitas lembranças das festas que celebramos nas Sinagogas. Meus pais se conheceram numa festa de carnaval no subsolo da sinagoga da Odorico Mendes, e lá se casaram também; lembranças de famílias e familiares que frequentaram a sinagoga, e fatos que servem, também, de referência para a nova geração! Meus pais eram primos de 3a geração. Meu avô Carlos Simão Adissi, porém, frequentava a outra sinagoga.”

A primeira vez que escrevi sobre a Móoca foi quando conversei com Lili Muro Zaitoune, ao postar detalhes sobre a comunidade judaica da Vila Mariana. Sobrinha de Nassim Nigri, lembrou que o pai, Ibrahim Zaitoune, de origem libanesa, o sr Carlos Nigri e o sr Moisés Simantob se revezavam como Chazanim nas Grandes Festas na Sinagoga Israelita Brasileira, “sinagoga dos libaneses na Mooca”. Naquele tempo não tinham rabino.

Tania Fortes, contou que o avô materno, Benjamin Cohen, foi chazan da Sinagoga Israelita Brasileira. E afirmou: “A Rachel Mizrahi o conheceu, e acredito que ela citou algo sobre ele no livro dela...” E assim, no livro Imigrantes Judeus do Oriente Médio - São Paulo e Rio de Janeiro, de Rachel Mizrahi, à página 77, lemos: “Naturais da cidade de Yafo, os Cohen dedicaram-se ao trabalho religioso para as comunidades judaicas do Rio de Janeiro e São Paulo. Benjamin Cohen, sobrinho de Raphael David Cohen, ocupou as mesmas funções dos tios na Sinagoga Israelita Brasileira, na Mooca...”

Alzira Goldberg, irmã de Rachel, citou o pai Moyses Mayer Mizrahi e enfatizou que a família frequentou a Sinagoga Israelita Brasileira. Este fato, e a história da família Mizrahi, constam do livro Do Mascate ao Empreendedor - Uma família da antiga Mooca, também escrito por Rachel Mizrahi. Neste livro podemos ler que sr. Moyses Mayer Mizrahi nasceu em 1910, era o mais novo de três irmãos e chegou a São Paulo em 1927, a chamado do irmão Elias. Começou a vida na cidade no comércio ambulante, e aos 27 anos casou-se com Rebecca Fardjoun, do Rio de Janeiro. Ambas famílias eram originárias de Safed (Tzfat). Residiram na Rua Mem de Sá e, posteriormente, em um sobrado na Rua Coronel Cintra. Tiveram seis filhos: Lily, Alzira, Rachel, Mayer, Isaac e Nessim. E Isaac Mizrahi comentou: “Meu pai Moyses Mayer Mizrahi nasceu em 1910 na cidade histórica de Saffed”. Sobre o histórico familiar, sobre cada um dos irmãos e suas famílias, sobre a vizinhança do bairro da Mooca, amizades, depoimentos familiares, além da trajetória empresarial de Mayer M. Mizrahi leiam o livro aqui indicado!!

E você, ou seus familiares, gostariam de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog? Frequentaram as sinagogas da Mooca? Moraram na região, ou em bairros próximos?

Teriam alguma informação sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceu? Como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? 

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terça-feira, 14 de março de 2023

A Sinagoga Israelita Brasileira e comunidade judaica de origem mizrahi no bairro da Mooca

A Sinagoga Israelita Brasileira foi fundada em 1928 por judeus originários de Sidon (Seida) e Beirute, sendo conhecida como a sinagoga dos siadne. Famílias Sayeg, Kibrit e Nigri, entre outras, trabalharam para a construção do edifício. Inicialmente situada na Rua Oscar Horta, transferiu-se para a Rua Odorico Mendes, 174, em agosto de 1930, quando foi inaugurada, em terreno doado pelos Klabin. Como parte da sinagoga, havia a Sociedade das Damas, destinada à filantropia. Com o crescimento da comunidade, pretendia-se construir uma nova sinagoga à Rua Barão do Jaguara. Porém, com a diminuição da frequência à sinagoga nos Shabatot, e a mudança dos frequentadores para Higienópolis, motivada principalmente por problemas com inundações e pelo progresso material desta comunidade, parte dos frequentadores optou pela construção de uma nova sinagoga em Higienópolis, à Rua Piauí.  

Em relação à edificação da Sinagoga Israelita Brasileira, o acesso  a esta se faz por uma entrada lateral, diferente das demais sinagogas paulistanas. A Bimah, recoberta por tapete e a uma certa distância do Aron Hakodesh, situa-se no centro do setor masculino. No primeiro andar, uma ala feminina, limitada por muretas, possibilita o acompanhamento das rezas. Os bancos desta sinagoga, originalmente em madeira, foram substituídos por cadeiras de plástico, dispostas ao redor da Bima e ao redor das mesas utilizadas para estudo. A Ner Tamid permanece fixa ao teto, próxima ao Aron Hakodesh. Um salão no subsolo era, antigamente, utilizado como local para festas e encontros. A sinagoga permanecia ativa antes da pandemia e o edifício estava em constante manutenção: paredes pintadas, iluminação excelente, piso reformado. Os chazanim Mauricio Fortes, Benjamin Cohen, Ibrahim Zaitoune, Rahamin Nigri, Carlos Nigri e Moisés Simantob fizeram parte desta sinagoga.

De acordo com a Enciclopédia Judaica, vol.3, página 1101, da Editora Tradição, publicada em 1967 no Rio de Janeiro*, a Sinagoga Israelita Brasileira foi fundada em 1928 por judeus de origem libanesa e contava na época com 13 famílias. Por volta de 1967 era composta por cerca de 300 famílias (dados a confirmar), e, juntamente com a sinagoga, “funcionava a Sociedade das Damas”, destinada à filantropia. A primeira diretoria foi composta por: Isaac Sayeg, Gabriel Kibrit, Benjamin Cohen, Nissim Nigri, Salim Mansur e Gabriel Politi. (*original: The Standard Jewish Encyclopedia, 1959, 1962, 1966-Encyclopedia Publishing Company Ltd, Tel Aviv)

Ao publicar detalhes sobre a Sinagoga de São Miguel Paulista, no final de 2017, contatei Olga Clara Zeitouni e Haim Zeitoune. Olga Clara havia publicado no Facebook uma foto antiga, de dois rapazes sentados à frente dos portões da Sinagoga Israelita Brasileira, na Rua Odorico Mendes. Linda Zeitoune comentou, a respeito desta foto publicada, que o pai, sr. Youssef Haim Zeitoune, era o Chazan nesta sinagoga.  E avisou à Olga Clara Zeitouni que ainda mostrará a casa em que viveram quando chegaram ao Brasil.


Haim Zeitoune, sobrinho de Linda Zeitoune e irmão de Olga Clara, morou em São Miguel Paulista, e comentou à época, que o pai, Haim Yossif Zeitoune e o avô paterno Yossef Haim Zeitoune rezavam na Mooca. Haim frequentou, junto a estes, a sinagoga do bairro. Indicou o Rabino Azulay, da Sinagoga Monte Sinai, para mais informações... “pois todos que rezavam na Mooca hoje rezam na R. Piauí”. E contou: “Uma vez o Rabino Azulay passou na sinagoga Monte Sinai um vídeo, aonde meu avô apareceu. Ele era imigrante do Líbano”.

Rachel Mizrahi em “Imigrantes Judeus do Oriente Médio – São Paulo e Rio de Janeiro” (Trabalho de pós-graduação ao Depto. de História-USP, 1995 e Editado pelo Ateliê Editorial, São Paulo em 2003) estuda as duas sinagogas da Mooca e a comunidade judaica do bairro. E escreve que “o crescimento numérico dos judeus da Mooca exigiu a construção de uma sinagoga, núcleo-básico comunitário. Isaac Sayeg, Gabriel Kibrit e Nassim Nigri, apoiados pelos Cohen, os Politi, os Zeitune, os Peres e os Adissy decidiram trabalhar para levantar o templo. Em 1926, Jacob Adissy, Carlos Hadid e Jacob Simantob procuraram os Klabin que possuíam propriedades na Mooca e com eles conseguiram um terreno na Odorico Mendes, rua próxima e paralela com o rio Tamanduateí. As obras do templo iniciaram-se com doações e mensalidades dos participantes comunitários. Em agosto de 1930 a Sinagoga Israelita Brasileira foi oficialmente inaugurada. Famílias Sayeg, Hadid, Cohen, Peres, Simantob, Politis e Nigri, entre outras, estiveram presentes”.

A respeito da Sinagoga Israelita Brasileira também podemos ler no livro A História dos Judeus em São Paulo, de Henrique Veltman (Ed.Expressão e Cultura,1996), no Cap.X, “Sefarditas e Orientais”: “os orientais construíram, em terrenos cedidos pela família Klabin, dois templos numa mesma rua, a Odorico Mendes, no bairro da Mooca. Uma, a dos siadne, reunia os imigrantes de Seida e Beirute, a outra era a dos safadie, originários de Safad/Damasco. Nelas não havia rabinos, sendo os serviços conduzidos pelos indivíduos mais religiosos e pelos mais velhos.”

De acordo com o site “São Paulo Antiga”, por Douglas Nascimento, “a construção da Sinagoga Israelita Brasileira da Mooca deu-se em 1930, após a liberação e autorização da planta do templo religioso, em expediente público do dia 10 de de junho de 1930”. Como comenta, “ainda no mesmo ano, apenas alguns meses depois da autorização, a sinagoga foi inaugurada” ( http://www.saopauloantiga.com.br/sinagoga-israelita-brasileira/ )

No dia 08 de março de 2023, Selma Savoia encaminhou e-mail e escreveu: “Minha mãe, Lela Savoia, de solteiro Lela Duek, sabe muito sobre a Sinagoga da Mooca! Se quiser entre em contato comigo!” Entrarei em contato com Selma, e iremos conversar...

Pelo Instagram, na página "sinagogasemsaopaulo", em postagem sobre a Sinagoga da Sociedade União Israelita Paulista, Marcelo Mansur contou: “Minha família (meus avós) foram fundadores da outra sinagoga na mesma rua, a Sinagoga Israelita Brasileira!!! Porém quando eu nasci a sinagoga estava fechada, e meu Brit-Milah foi na Sinagoga União Israelita Paulista, com a chazanut do Sr.Jose Homsi z'l e o mohel foi o "egipcio" Sr. David Simhon z'l. Meu avô (David Mansur) chegou do Líbano com a mãe (Sarah Mansur, sobrenome de solteira Politi) e dois irmãos, o mais velho (Salim Mansur) e o mais novo (Saad ou Felicio Mansur), minha avó ( Sophia Mansur, sobrenome de solteira Bejarano) também veio do Líbano, porém a família chegou no Rio de Janeiro. Tenho fotos e documentos de família, os sefarim não tenho ideia de onde vieram!"

E você, ou seus familiares, gostariam de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog? Frequentaram as sinagogas da Mooca? Moraram na região, ou em bairros próximos?

Teriam alguma informação sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceu? Como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? 

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terça-feira, 7 de março de 2023

Detalhes sobre a comunidade de origem mizrahi na Mooca e a Sinagoga da Sociedade União Israelita Paulista

A pedra fundamental da Sinagoga da Sociedade União Israelita Paulista, localizada à Rua Odorico Mendes, 380, no bairro da Mooca, foi assentada em 07 de julho de 1935, em terreno cedido pela família Klabin, e a inauguração desta ocorreu em 29 de março de 1936. Rachel Mizrahi em seu livro Imigrantes judeus do Oriente Médio: São Paulo e Rio de Janeiro escreve que o sr. Julio Derviche foi um dos fundadores da sinagoga, e a fundação desta deu-se em sua casa. Fizeram parte da fundação as famílias Chatah, Mizrahi, Adissy, Sawaia, Cohen, Zaide, Hazan, Habibe, Efraim, José, Halali, Memran, entre outras. Sr. David Amar foi o presidente, nesta ocasião, e seu irmão, Mario Amar, também o foi durante muitos anos. Rachel Mizarhi, em seu livro, nos conta que esta sinagoga era conhecida como a “Sinagoga dos Amar”, e “safadies”, por ter sido fundada, em sua maioria, pelos judeus provenientes de Safed/Tzfat. Era frequentada, inclusive, por judeus de origem marroquina, egípcios, libaneses, sefardim e de Jerusalém. Frequentadores desta sinagoga, assim como a da Sinagoga Israelita Brasileira falavam o árabe, porém os estilos de reza de ambas eram diferentes.

A Sinagoga da Sociedade União Israelita Paulista é lembrada no Requerimento apresentado pelo então Senador Romeu Tuma e publicado no Diário do Senado Federal em 26 de Maio de 2010.  Neste requerimento podemos ler que “o empresário sr. Alberto Serur era um empreendedor. Nasceu em São Paulo/SP mas sua descendência era Libanesa. Era membro da Comunidade Israelita de São Paulo e foi um dos responsáveis pela fundação da sinagoga que recebeu o nome de “Sociedade União Israelita Paulista...” ( http://legis.senado.gov.br/diarios/BuscaPaginasDiariocodDiario=538&seqPaginaInicial=56&seqPaginaFinal=56 )

Em outubro de 2017, como comentou Henry Lederfeind, houve uma “reinauguração” da sinagoga: “Os filhos do sr. Bernardo Zekry reformaram a sinagoga e está muito linda! Fui lá numa homenagem que fizeram a ele.” E como já dito, em dezembro de 2017 tive a oportunidade de conhecer esta sinagoga. Aqui apresento alguns detalhes daquela visita, detalhes apresentados em publicação de 2017:

“A edificação possui, logo após a entrada, um amplo salão para recepções. O acesso ao primeiro piso, o setor masculino, dá-se por duas escadas laterais. A Bimah situa-se na parte central deste piso, separada do Aron Hakodesh, e “protegida” por uma grade de madeira. Os bancos, renovados e mais modernos substituíram os originais em madeira, e distribuem-se em três partes, ao redor da Bimah. Detalhes na pintura, acima do Aron Hakodesh, se mantém, assim como as luminárias. A cor azul e branca prevalece nas paredes, e o piso, em madeira, está bem conservado.  Diversas Torót permanecem guardadas no Aron Hakodesh. Um novo lance de escadas, iluminadas por uma ampla janela, conduz `a galeria feminina, protegida por um balcão. Nesta sinagoga os serviços religiosos acontecem nos Shabatót, conduzidos pelo Rab. Ghazali.

No Facebook, foram disponibilizadas também algumas informações, relacionadas à ultima postagem: Miriam Schames escreveu: “Meu pai frequentava essa sinagoga logo que chegou ao Brasil. Ele se chamava Isaac Alperovitch”. Gugu Cohen comentou: “Saudades de quando eu ia com meus pais e encontrava toda a primaiada que agora nem vejo mais”.

Victoria Hadid avisou que há algumas alterações nas informações e irá encaminhá-las. Norma Esquenazi contou: “Meu pai, do Egito, minha mãe, carioca. Eu, de Manaus, e minhas amigas frequentávamos esta Sinagoga da Odorico Mendes! Familia judaica Moravam quase todos na Rua Barão de Jaguara, e Odorico Mendes, famílias: Nigri, Esquenazi, Kalily, Mansur, Membran e outros! Éramos muito unidos! Estudei na Sinagoga da Odorico Mendes com o Rabino, aonde aprendi o hebraico e fiz muitas amizades naquela época! Bons tempos! Agora moro no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca. Perdi contato com os paulistas!!!!! Saudades dos bons tempos!!!”

Jacob Cohen comentou: “Acho que tem equívocos com os chazanim”. E, por e-mail, após a última publicação deste blog, complementou: “O que me lembro, com relação aos Chazanim, a qual peço que você confirme com pessoal mais velho. Legal o que você escreveu, mas esta Sinagoga tem muito mais história e de muitas mais famílias. Frequentei desde criança a Sinagoga com meus pais que eram assíduos, fiz meu bar Mitzvah lá  e mesmo jovem frequentava quase todo o Shabat as sextas feiras (era um milagre ter um jovem) sempre depois de jogar dominó com os frequentadores no bar da esquina antes do shabat. Grandes lembranças. Apesar de ter só 67 anos, acho que o sr. Habibe foi Chazan na Sinagoga da Odorico Mendes, 274. O sr. Elias Mizrahi era Chazan  na Sinagoga da rua Abolição. Quem foi Chazan  nesta Sinagoga foi meu avô sr. Moises Cohen Tawil”. Como já publicado anteriormente, em fevereiro de 2023, sr. Jacob havia escrito: “Apenas complementando, minha família é sefaradi, 100% da Mooca, e nasci e fui criado no bairro (Rua Dom Bosco, Rua Coronel Cintra) e frequentei juntamente com minha família sempre a Sinagoga da Odorico Mendes 380 (Sinagoga União Israelita Paulista), inclusive meu avô Moysés Cohen Tawil Z`L` era chazan da Sinagoga. Tenho muitas e boas lembranças da minha época da Mooca, e acho fantástico o seu trabalho e me coloco a sua disposição no que for necessário”.

Alguns comentários foram registrados neste Blog, na publicação anterior:

“Falam das famílias que moravam na Odorico Mendes. Nãoo vi o nome de uma das famílias mais antigas: Sr. Marcos e Rachel Sayeg e família. Era  a rua Odorico Mendes 227 , em frente à Sinagoga”.

“Meu avô Leon Cohen, nascido no Líbano, chegou no Brasil em 1910 e se instalou na Mooca, foi um dos fundadores da Sinagoga, comandava as rezas e unia a coletividade, ia com sua charrete pedir material de construção para a conclusão da obra, judeus reunidos jogando cartas a dinheiro eram surpreendidos com o confisco de recursos para a obra…Tufic Cohen”

Você ou seus familiares frequentaram as sinagogas da Mooca? Morou na região, ou em bairros próximos? Gostaria de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog? 

Você teria alguma informação sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceu? Como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? 

Escreva para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes... 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

A comunidade judaica de origem mizrahi no bairro da Mooca e a Sinagoga da Sociedade União Israelita Paulista

A Sociedade União Israelita Paulista foi fundada pelas famílias Derviche, Chatah, Mizrahi, Sawaia, Cohen, entre outras. A cerimônia de colocação da pedra fundamental da sinagoga ocorreu em julho de 1935, em terreno cedido pelos Klabin, à Rua Odorico Mendes, 380 e a inauguração do edifício data de março de 1936.  Era conhecida como a sinagoga dos safadie, a “Sinagoga dos Amar” ou dos originários de Safed/Tzfat, sendo frequentada também por judeus sefaradim de origem marroquina, egípcios e libaneses. Foi reformada e “reinaugurada” em 2017. Como chazanim, Habibe Memran, Elias Mizrahi, Jacob Hazan e Edmundo Gazali.

Em relação ao seu edifício, este se constitui de um pátio e um amplo salão para recepções, no térreo. O acesso ao setor masculino, no primeiro piso, dá-se por duas escadas laterais e uma porta de madeira de folha dupla. 

A Bima situa-se na parte central, em patamar elevado de madeira, separada do Aron Hakodesh, e cercada por balaústres. Os bancos, renovados e mais modernos, substituíram os originais, distribuídos em três partes ao redor da Bima. Detalhes na pintura acima do Aron Hakodesh se mantêm, assim como as luminárias. Antes da pandemia, quando conheci a sinagoga, as cores azul e branca prevaleciam nas paredes, o piso permanecia bem conservado e diversas Torot continuavam guardadas no Aron Hakodesh. Um lance de escadas, iluminadas por uma ampla janela, conduzia à ala feminina, protegida por um balcão. A Ner Tamid (chama eterna) permanecia fixa ao teto. Os serviços religiosos continuavam a acontecer nos Shabatot, conduzidos pelo Rabino Ghazali, antes da pandemia COVID-19. 

A primeira visita à sinagoga aconteceu no dia 03 de dezembro de 2017 através de convite de Linda Zeitoune, quando, acompanhada de Noeli Vainzoff, estive presente, na homenagem que Victória Hadid fez aos pais, Shimon Ben Victoria e Miryam bat Rachel, na Sinagoga da Sociedade União Israelita Paulista, na Mooca.  Na ocasião, pudemos ouvir as palavras do Rab. Shie Pasternak, de Victória Hadid e do Rab. Ghazali, rabino este que conduzia as rezas nesta sinagoga, nos Shabatót

Neste dia da homenagem aos pais de Victoria circulamos pela Rua Odorico Mendes, rua aonde se situam as duas sinagogas do bairro. Diversas famílias da comunidade judaica viviam tanto nesta rua como no seu entorno. Muitas das casas, da metade do século XX, ou ainda anteriores a esta época, ainda faziam parte da paisagem.

Victoria comentou, naquela ocasião: "meu pai era o frequentador mais antigo em todos os Shabatot e tinha 94 anos.  Fazia questão de ir, sempre, na sinagoga. Só não ia quando se sentia muito doente, sentava sempre na mesma cadeira e abria a Arca (aonde tinha os Sefer Tora) todos os sábados. Quero ressaltar o respeito pela memória dele, e ainda hoje essa cadeira só é ocupada quando os meus irmãos Jose ou Isaac vão à sinagoga. Quando não vão, coloca-se um sidur e um talit no lugar..."

Famílias de frequentadores desta sinagoga e da Sinagoga Israelita Brasileira, também no bairro, foram lembradas pelo sr. Cesar Srur e demais presentes, como Habib, Calderon, Memran, Chatah, Amar, Mizrahi, Zekhry, Sayeg, Sawoya, Nigri, Mansur, Duek, Homsi, Zeitoune, Hadid, Muro, Simantob, sr. Geraldo Porto, e Srur. E também, Crespin, Basrave, Sidi, Campeas, Haber, Gamal, Adissy, Politi, Sarraf, Derviche, Tawil, Cohen, como apresenta Rachel Mizrahi em seu livro Imigrantes judeus do Oriente Médio: São Paulo e Rio de Janeiro.

A comunidade judaica do bairro, como lembraram Linda e Victória, era unida e “se ajudava”, famílias eram próximas por amizade ou por parentesco, porém cada família frequentava somente uma das duas sinagogas: ou a família fazia parte da Sinagoga Israelita Brasileira ou fazia parte da Sociedade União Israelita Paulista. Estas sinagogas mantinham o seu rito nas rezas, de acordo com o país de procedência.

Victoria Hadid contou que a família morava na Rua Dom Bosco e o pai, já nascido no Brasil, trabalhava com venda de colchões e de roupas, vendendo-as de porta em porta. Antes dos pais se casarem, foram vizinhos... Já Linda Zeitoune comentou que os pais vieram do Líbano. O pai também foi mascate, estabelecendo-se posteriormente em uma loja à Rua dos Lavapés.

Quanto ao ensino, muitos estudaram na Escola Luiz Fleitlich e na Escola Estadual Firmino Proença. Sra. Loris Chatah, esposa de sr. Salim e a quem conheci no domingo da visita, comentou ter estudado com minha mãe Dora Dina Rosenblit Szwarcbart, dividindo a mesma carteira escolar na época do primário...

Raquel Calderon Kopelowicz“Frequentamos por muitos anos a sinagoga da Mooca!  Não me lembro do nome da sinagoga, mas era na primeira quadra do lado esquerdo quando a gente vinha da Rua da Mooca! Acredito que não tenho fotos, mas teria que perguntar para minhas primas que frequentavam também. Tinha o meu tio avô, Salim Homsi, z"l, que rezava e cantava junto com o Rabino! Bons tempos, que não voltam mais”

Daniela Zeituna Levy:  “eram duas na mesma rua, de tantos judeus. Meus avós se casaram em uma delas (família Duek e Zeituna), meus bisavós vieram da Síria (Alepo), primeiro moraram em Santos e depois na Mooca. Lembro de frequentar durante minha infância esse "Knis"(sinagoga) e passar as festas lá, como em Yom Kipur. Só aqueles que eu identificava como parentes eram mais de trinta pessoas (início da década de 1990). Gostava mesmo de Purim, porque quando acabava a leitura da Meguilá, as crianças ficavam no térreo e as mulheres no primeiro andar jogavam balas, doces e "lâbis" para nós... Era muito divertido, comia doces por um mês... Minha mãe conhece muito sobre as famílias que frequentavam e pode te contar muitas histórias! Quem não sabe de onde veio, não pode saber para onde vai” Daniel Levy, Monica Zeituna, Hosana Martins,  Esther Scagliusi, Leila Zeituna, Judite Pinheiro,  Regina Zeituna,  Suzete Scenegaglia Zeituna,  Gladis Duek,  Maria Aparecida Duek,  Leandra Pinheiro Caliano, Mario Pinheiro e  Iago Zeituna.

Neste ano de 2023, ao retornar com as postagens sobre a comunidade judaica da Mooca, por e-mail, Jacob Cohen, no mês de fevereiro, escreveu:  “Apenas complementando, minha família é sefaradi, 100% da Mooca, e nasci e fui criado no bairro (Rua Dom Bosco, Rua Coronel Cintra) e frequentei juntamente com minha família sempre a Sinagoga da Odorico Mendes 380 (Sinagoga União Israelita Paulista), inclusive meu avô Moysés Cohen Tawil Z`L` era chazan da Sinagoga. Tenho muitas e boas lembranças da minha época da Mooca, e acho fantástico o seu trabalho e me coloco a sua disposição no que for necessário”.

Na página “Guia Judaico”, do Facebook, Marcus Leibel contou: “Sou de Campos de goitacazes rj Brasil eram 200 famílias que imigraram pro Brasil. Tinha duas sinagogas um cemitério israelita. Meu primo Miquel Lerner editou um livro brochura que contava e mostrava as famílias com sobrenomes Cohen, Leibel, Benchimol, Nigri, etc. Minha irmã frequentava uma sinagoga no Bom Retiro, e a Unibes, que é uma entidade judaica que acolhe velhos e viúvas idichs, dão almoço, jantar, kits de higiene, até plano de saúde. Uma irmã foi ajudada.  hoje eles são empresários, e contribuem generosamente. Os filhos. Pagavam escolas pagavam alimentação até Iptu. São abençoados, únicos, tem um restaurante próprio. Quando não podem se locomover, eles entregam as quentinhos. Quem puder contribuir com doações será ótimo, fora que em São Paulo você pode doar eletrodomésticos, cama, geladeira, tudo eles retiram rápido, duas situações e, lógico, que eles tem limitações.”

Você ou seus familiares frequentaram as sinagogas da Mooca? Morararam na região, ou em bairros próximos? Gostariam de compartilhar informações, escrever um texto para divulgar aqui no blog?

Vocês teriam alguma informação sobre as comunidades judaicas da capital e das cidades do interior paulista? Fotos, memórias, documentos? Histórias de sua família, quando aqui chegaram, o porquê da escolha da cidade em que se estabeleceram, como era a comunidade judaica e sua integração com a comunidade local, as sinagogas, escolas, como e onde comemoravam as festas? 

Escrevam para myrirs@hotmail.com . Vamos resgatar nossas raízes...