Antigos frequentadores da
Sinagoga Israelita Paulista têm compartilhado suas memórias e várias histórias
relacionadas à esta sinagoga.
Pierre Neufeld, com quem
conversei em 08 de fevereiro de 2018, contou que chegou ao Brasil com os pais,
em junho de 1949, aos 2 meses de vida. Seu pai, sr. Emerich Neufeld, um dos
ex-presidentes e falecido há 15 anos, chegou a estudar em Yeshivá e possuía bom
ouvido para música. Na sinagoga, como Chazan, tocava shofar nas Grandes Festas
e conduzia as rezas, juntamente com sr. Luiz Nebel e sr. Julio Perl. A leitura
da Tora era feita por um senhor de nome Josef, e também por Peter Breuer, filho
da sra. Judit Breuer. O Bar-Mitzvá de Pierre e de seu irmão, Robert, foi celebrado
nesta sinagoga, assim como o Brith-Milá do filho de Pierre.
De linha
conservadora, ou neológos como explica Marcelo Weingarten, a “Sinagoga dos
Húngaros” possuía lugares separados para homens e mulheres, tanto na sinagoga
pequena no primeiro pavimento, como no amplo salão ao fundo do edifício. Pierre
lembra-se que, ainda criança, chegou a acompanhar o pai na sinagoga do Largo
General Osório, uma sinagoga pequena com configuração à sinagoga do primeiro
piso da Rua Augusta.
Tanto o Rabino Friedlander como o Rabino Károly Jolesz,
fizeram parte desta sinagoga. Rabino Friedlander, após sair desta sinagoga,
abriu uma sinagoga pequena na Rua Martinho Prado esquina da Av. Consolação e,
posteriormente, uma sinagoga em uma vila da Rua Min. Rocha Azevedo, nos Jardins.
Já Rabino Károly Jolesz, de origem húngara mas proveniente de Israel, chegou a
celebrar o Bar-Mitzvá de Pierre em abril de 1962. Pierre comenta que Rab.
Jolesz organizava colônias de férias para as crianças, era muito agregador e
possibilitou que os judeus húngaros, à época, voltassem a frequentar esta
sinagoga. Como comenta Lili Muro Zaitoune Muro, foi quem celebrou a cerimônia religiosa do seu casamento,
porém na Sinagoga Beth-El. Após um certo período, retornou a Israel. A grafia correta do nome do
Rabino Károly
Jolesz foi
informada por Judit Breuer, que comentou: “Tradução da palavra jolesz: sera bom.
Interessante, não?”
A pedido
de sr. Emerich Neufeld, os livros que possuía foram doados para a Sinagoga
Israelita Paulista. Kasher e Shomer Shabat, caminhava do Largo Santa Cecilia,
onde residia, até a sinagoga. Pierre ficava junto a ele ao final de Shacarit
Shabat, inclusive na época em que o Rabino Shimon Brand esteve à frente desta
sinagoga.
Marcelo Weingarten e sua mãe, sra. Frida, com quem David Carlessi
e eu pudemos conversar no dia 12 de fevereiro de 2018, contaram que sr. Robert,
pai de Marcelo, de origem húngara, chegou ao Brasil em 1957, vindo da Áustria. No
entanto, seu desejo de sair do país era muito anterior à época da Revolução na
Hungria. Frequentou a “Sinagoga Húngara”
quando esta já estava situada à Rua Augusta, e em uma época em que realizavam
diversas atividades além dos serviços religiosos, como bailes, peças de teatro
e festas, uma maneira de integrar toda a comunidade judaica húngara, tanto os
que já estavam aqui estabelecidos, como os que acabavam de chegar à cidade.
Marcelo lembra-se bem, por exemplo, das festas de Purim no palco da sinagoga...
O Clube Húngaro-Judaico, nas Perdizes, era o local de encontro das famílias,
aos domingos. Sra. Frida, mãe de Marcelo, que não fazia parte deste grupo, ao
se casar com sr. Robert, aprendeu o húngaro, com pronúncia excelente, como
maneira de integrar-se pois, naquela época, todos falavam húngaro...
Marcelo e sra. Frida comentaram que todos os serviços que a
comunidade necessitava, fossem de sapateiros, costureiras, alfaiates,
fotógrafos, ou algum outro, eram prestados também por pessoas provenientes da
Hungria. Frida contou que em 08 de fevereiro comemorou-se os 61 anos da chegada
do navio “Provence”, proveniente da Hungria.
Casamento sra. Silvia Weltner e sr. Alexandre Einbenschutz - 1961 Fotos Roberto Graunmann - Album de Marcelo Weingarten |
Marcelo guardou o álbum de casamento de sra. Silvia Weltner e sr. Alexandre Einbenschutz, realizado em 1961. Sra. Sara, tia de Alexandre, era
sogra de Sandor Tihanyi e avó de Adriana Sancovsky Shor, como
publicado anteriormente.
Nas fotos aqui publicadas com a autorização de
Marcelo, podemos conhecer um pouco desta sinagoga naquela época. Você reconhece
alguém nestas fotos? Algo a comentar?
Marcelo, assim como sr. Emerich, continuaram participando da sinagoga quando o Chabad a assumiu, ocasião em que já ocorria o esvaziamento desta sinagoga por parte dos antigos frequentadores, composto pela comunidade judaica húngara.
Após a atuação de Rabino Shimon Brand, a sinagoga permaneceu sem um rabino fixo por um período. Porém os frequentadores continuaram a mantê-la aberta às sextas-feiras e sábados(Shabatót), inclusive com jantares e almoços, seguindo a tradição... Desta forma permaneceu, até o momento em que o Rab. Ivo Kauffman passou a conduzir os Shabatót, hoje em dia, uma vez ao mês...e Pierre continua a participar destes Shabatot, com ótimas lembranças...
Paulo Valadares, historiador que trabalha com a imigração judaica para o Brasil, autor de diversos artigos e de três livros sobre o tema, informou-me que procurou dados dos nomes citados nos posts que publiquei, como diretores e o Chazan desta Sinagoga. As fontes que cita são o Arquivo Nacional e as lápides do Cemitérios Israelita de Vila Mariana. Paulo Valadares complementa: “Aliás, o túmulo de sr. Bernardo Borgida, líder desta comunidade, é um belo mausoléu na Vila Mariana...”.
Aqui compartilho a tabela que Paulo Valadares encaminhou, acrescentando a informação: "Karoly Jolesz, Poroszlo, 04/10/1914, filho de Jozsef Jolesz e Etel Frank.."
Aqui compartilho a tabela que Paulo Valadares encaminhou, acrescentando a informação: "Karoly Jolesz, Poroszlo, 04/10/1914, filho de Jozsef Jolesz e Etel Frank.."
E você, gostaria de compartilhar a sua história
relacionada à esta sinagoga? Aguarde mais lembranças de sra.
Judit Breuer, dos que tem participado com comentários, e sobre a
época em que Rabino Shimon Brand fez parte desta sinagoga...
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