A Arquitetura da Sinagoga Contemporânea:
E aqui completo um pouco da historia das Sinagogas...
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Sinagoga d'Avignon, site wikipedia |
A maioria das sinagogas do século XIX e início do século XX caracteriza-se por
poucas alterações em relação aos períodos anteriores. Projetados por arquitetos
não judeus, os edifícios baseavam-se em concepções religiosas destes, adaptadas
às necessidades do rito judaico. Tentativas de alteração no traçado , como a
Sinagoga em Viena( 1824), de planta oval, e a Sinagoga em Avignon(1846),
circular, surgiram ainda num período que prevalecia o estilo de basílica
romana.
A Sinagoga de Londres caracteriza o período
da primeira metade do século XIX: disposição basilical, Arca e Bimah (ao centro) alinhados, galeria
feminina de traçado simétrico, estilo formal.A Sinagoga de Paris e de Budapeste
são também exemplos da época.
As primeiras sinagogas americanas, no século
XVIII, não demonstravam exteriormente o uso a que se destinavam. Passaram,
contudo a tomar novas formas exteriores, no final do século XVIII, aonde a
simplicidade deu lugar a monumentalidade, proporcionada pela posição de
igualdade do colono judeu em relação aos outros colonos. O estilo adotado era o
mesmo que estava “em moda” na época, podendo ser o grego, o egípcio, ou
georgiano, muitos derivando de construções pagãs. Muitas sinagogas deste período caracterizaram-se
pela miscelânea de padrões ou detalhes.
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Sinagoga de Berlim |
Na Europa deste período, muitas sinagogas
seguiram estilo egípcio, árabe, mourisco, bizantino, românico ou gótico. A sinagoga de Berlim de 1859-66, um
projeto com cúpula em estilo bizantino, comportando 3000 assentos, possuía
detalhes mouriscos.
Em relação aos materiais adotados, diversos
tipos foram usados na mesma construção.
Houve, no século XIX, a adaptação de algumas
igrejas para fins judaicos, inversão da tendência comum nos países onde os
judeus eram oprimidos. Tal situação ocorreu como conseqüência da imigração, das
relações amistosas entre as comunidades e da falta de recursos de comunidades
modestas para construírem suas sinagogas.
Durante este período também ocorreram mudanças na proposta da planta e traçado das
sinagogas. Com a fundação da primeira sinagoga reformista, em 1818, em Hamburgo
e a revisão dos serviços religiosos seguidos por estes, o traçado basilical foi
posto em questão. A importância do rabino assume outra dimensão, o sermão ganha
importância e o coro e órgão são introduzidos, assemelhando-se em parte à
prática cristã. A plataforma- Bimah- posição ocupada pelo rabino passa a se
situar juntamente com a Arca. Esta disposição acabou por não se limitar às
sinagogas reformistas. A concentração em uma das extremidades gerou a
necessidade de maior visibilidade, reconfigurando o desenho da parte interna da
sinagoga. O traçado em cruz ou abobadado quadrado permitiam a proximidade à
plataforma e maior número de pessoas. No século XX, a disposição em forma de
auditório, com o piso inclinado, boa acústica e iluminação, a introdução de uma
galeria para o coro, a abolição da separação homem/mulher, nas sinagogas
reformistas, provocaram transformações do traçado tradicionalmente aceito por
mais de dezesseis séculos. Nos EUA, muitas sinagogas, externamente, assumiram a
aparência de igrejas e o ritual em parte foi alterado, valorizando-se algumas
rezas especiais e músicas. Comunidades com maior poder aquisitivo e o fim de
muitas restrições à população judaica permitiram que a parte artística e de
ornamentação se desenvolvesse, ressurgindo, em alguns casos antigos
estilos- por exemplo a ornamentação em
flores. Sinagogas abobadadas passaram a adotar o concreto armado. A arte
figurativa passou a ser aplicada, e em muitos locais abandonou-se a antiga
convenção do direcionamento da parte frontal da sinagoga, tradicionalmente
voltada para Israel.
Muitas sinagogas deste período, que seguiram
o estilo Clássico, Renascentista ou Barroco, passaram a ser executadas em
estruturas de aço ou concreto armado, quando isto representava solução mais
econômica ou melhoria na construção. Dificilmente isto ocorria como nova
concepção de projeto, apesar de materiais como o ferro oferecerem facilidade na
cobertura de espaços.
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http://www.bc.edu/bc_org/avp/cas/fnart/fa267/sullivan.html |
No final do século XIX e século XX, as
construções abandonaram o estilo eclético e os novos materiais, como o concreto
armado, foram absorvidos nos novos projetos arquitetônicos, agora fazendo parte
do de desenho simplificado. A Sinagoga Kehilat Anshe Maariv, de Chicago,
projetada por Adler e Sullivan em 1890 e
que rompeu com o estilo eclético, é um exemplo deste período.
O Modernismo na Alemanha produziu em Hamburgo uma sinagoga liberal, em
1931, em paredes lisas e sem ornamentação ou adornos, extremo oposto das
sinagogas projetadas anteriormente. As sinagogas da Europa do período entre-
guerras, assinalam, assim, o total
rompimento com o estilo oriental.
Após a Segunda Guerra Mundial, os projetos
ganharam um estilo mais monumental, preocupado também com a beleza natural da
região onde se situava, criação de novos desenhos, formas curvas e uso de
materiais locais. Exemplos nos EUA, das comunidades mais prósperas e de maior
crescimento, na época, revelam uma mudança no planejar da sinagoga. A função de
casa de orações, locais de estudos e de reunião, gerou centros comunitários e
sinagogais com um novo traçado. Passaram a abrigar saguão, templo de orações,
salas de estudo e reunião, bibliotecas, cozinha e escritórios administrativos
situados , sempre que possível, em ambientes naturais.
Eric Mendelsohn foi um dos arquitetos de
renome na época, nos EUA, tendo planejado uma série de centros judaicos:
Sinagoga Park, em Cleveland (um templo abobadado), Centro Judaico de Baltimore,
de Saint Paul e Dallas. As sinagogas menores, deste período, mostram-se
economicamente planejadas, projetadas por arquitetos da comunidade, tais como
H. Meyer, Goodman ou Abramovitz. O uso de vitrais, tecelagem, pinturas, de
materiais básicos produz novas soluções. Exemplos ocorreram também na Europa,
tais como as sinagogas reconstruídas na Alemanha, ou mesmo em Londres. Estilos
universais deixaram de ser impostos artificialmente, passando a considerar-se e
refletir-se na aparência e resultado final, o ambiente, clima e entorno da
região aonde surgiram.
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Sinagoga Yeshurun, Jerusalem |
A Sinagoga Yeshurun, de Jerusalém, com suas diminutas
janelas, ajustam-se à forte luz solar do país.
Frank Lloyd Wright, discípulo de Sullivan e
Adler, chegou a desenhar uma sinagoga com cúpula de vidro, exemplo seguido por
outros arquitetos não judeus, motivados a desenhar também uma sinagoga...
Esta característica, a arquitetura funcional,
no entanto, tornou-se presente nos projetos das sinagogas do século XX.