Fazenda cafeeira Mont Serrat - Itupeva
Foto Myriam R. Szwarcbart
No livro de Anna Gedankien, “Coragem, trabalho e fé
- a história da comunidade judaica na região do ABC paulista” (abril, 2019), a autora relaciona a
importância das estradas de ferro não somente “no levar e trazer cargas”, mas,
também, no estabelecimento dos imigrantes no território brasileiro. No caso
paulista a importância destas estradas ia além do escoamento do café e de outros
produtos, desempenhando papel fundamental na recepção e fixação da mão-de-obra
nas áreas em expansão e na ocupação de novas regiões.
Através
da construção e inauguração da Estrada de Ferro São Paulo Railway Company, em
1867 (após 1946, passa a ser denominada Estrada de Ferro Santos-Jundiaí), a
ligação do porto às áreas produtoras de café no interior de São Paulo tornou-se
menos demorada e mais eficiente. Particularmente, na cidade de São Paulo e seu entorno,
como já descrito em publicações anteriores, o imigrante estabeleceu-se,
principalmente, ao logo das estações criadas, como Santo André, Brás, Mooca,
Luz...
Fazenda cafeeira Mont Serrat - Itupeva
Foto Myriam R. Szwarcbart
O artigo
“O bairro da Luz: das origens aos tempos atuais”, de José Geraldo Simões Junior
e Roberto Righi, no Livro “Um Século de Luz”(São Paulo: Ed.Scipione, 2001-
Coleção Mosaico: ensaios e documentos, vários autores) apresenta a mesma questão:
em meados do século XIX a cultura cafeeira atinge o interior paulista, passando
por Jundiaí e Campinas, ficando condicionada às limitações de transporte
existente, realizado por tropas de mulas. Era necessário modernizar a maneira
de escoar a produção, encontrando-se a solução com a construção de estradas de
ferro. A primeira uniu o porto de Santos à cidade de Jundiaí, então centro da
produção cafeeira do interior paulista. Jundiaí, Itupeva e cidades do entorno, com
suas fazendas e café, puderam se desenvolver. (Nas fotos, alguns detalhes de
uma destas fazendas, a Mont Serrat). A partir desta época, novas companhias
foram organizadas: Sorocabana, Ituana, Mogiana, Bragantina. A Paulista, por
exemplo, foi organizada pelos fazendeiros de café das regiões de Campinas, Rio
Claro, Limeira, Araras, como cita Sergio Silva em seu livro “Expansão cafeeira
e origens da indústria no Brasil” (São Paulo, Ed. Alfa-Omega, 1976).
A Confederação Israelita do Brasil, Conib, registra que “...no interior do Estado de São Paulo, comunidades judaicas foram estabelecidas em várias cidades: Santos, São Caetano, Santo André, São José dos Campos, Mogi das Cruzes, Sorocaba, Jundiaí, Campinas, Ribeirão Preto, Franca, especialmente em torno do comércio no eixo das ferrovias que serviam à economia do café. Em dezenas de outras cidades, existiram núcleos formados por algumas pequenas famílias...” Como cita sra. Anna Gedankien, a vida era mais barata e carecia de comércio, permitindo que imigrantes se estabelecem como clientelchiks (“mascates”) vendendo diversos produtos, (também trabalharam nas lavouras dos Núcleos Coloniais - imigração russa -1905), e estando presentes em mais de 35 municípios paulistas.
Relacionada a uma destas cidades do interior paulista, e dando continuidade à busca de informações das comunidades judaicas e sinagogas que ali se estabeleceram, em 12 de junho de 2020, Sheila Zilberman Bulis Strausas escreveu um comentário, tanto neste blog como por e-mail. Sheila contou que os avós fizeram parte da fundação da sinagoga de Jundiaí: “Infelizmente, a comunidade foi-se mudando, outros falecendo e, finalmente, a sinagoga foi fechada. As Torot foram doadas à sinagoga da Penha. Sou descendente da família Zilberman (materna) e da família Bulis (paterna). Infelizmente meus pais, que se casaram na sinagoga de Jundiaí, já faleceram e não sei maiores informações...Infelizmente, com o falecimento recente de minha mãe, acabamos de nos desfazer de uma série de fotos e documentos. Mas talvez um de meus irmãos tenha guardado algo. Complementando, lembro-me da família Conchester, pois eram sócios de meu avô e pai de uma loja "Lojas Carioca".
Naftuli Levin, ao conversarmos, também lembrou da existência da comunidade judaica de Jundiaí, além de Itupeva, Indaiatuba, Itu...
De acordo com o Censo do IBGE, em 2010, 108 pessoas declararam-se como sendo de religião judaica em Jundiaí, como nos informa o site Wikipédia, sobre a cidade.
Em meados do século XX, o Kibuiz-Hachshará Ein Dorot (centro de treinamento agrícola), uma fazenda em que os membros do “movimento kibutziano” ficavam por um período, ganhando experiência agrícola antes de fazerem Aliá, esteve localizado perto de Jundiaí. Alguém saberia dizer se mantinham contato com a comunidade judaica da cidade?
Você ou sua família fez parte, ou teria
mais detalhes, sobre a comunidade judaica de Jundiaí??? Saberia informar onde
se localizava a sinagoga? Teria fotos, documentos, memórias a compartilhar? Famílias
Zilberman, Bulis, Liberman, Koiffman, Garovitz fizeram parte da comunidade
judaica da cidade? Escreva para mim... myrirs@hotmail.com
parabéns pelo seu trabalho. Sempre trazendo conhecimento para os leitores.
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