quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Sr. Moises Goldflus e o Brás

Sr. Moises Goldflus, os pais e o irmão
Nesta segunda-feira, 26/12/2016, por indicação do Heitor Goldflus, pudemos, David e eu, conversar com o sr. Moises e a sra. Dora, pais do Heitor. Em uma tarde agradável, sr. Moises contou-nos que nasceu e cresceu no bairro do Brás, mais exatamente na Rua Coimbra. O pai trabalhava como Klienteltchik, principalmente na Vila Maria Alta: comprava a mercadoria, cobertores, no Bom Retiro e, com sua charrete, vendia os produtos de casa em casa. Ajudou, inclusive a trazer familiares da Europa, que também trabalharam como Klienteltchik. A língua “oficial”  na família era o idisch. 

Os pais de sr. Moises Goldflus
Sr. Moises estudou o curso primário na Escola Luiz Fleitlich, frequentada pela comunidade judaica da região, tanto dos ashkenazim vindos da Europa, como da comunidade judaica proveniente da Síria, comunidades que interagiam e estudavam na mesma classe. Lembrou inclusive das famílias Mizrahi e Amar. Algumas famílias morando na Moóca, na Rua Mem de Sá, alguns no final da Rua Bresser. Já o curso ginasial, Sr. Moises fez no Caetano de Campos e o cientifico, no Roosevelt. Depois disto trabalhou com um tio que já morava no Bom Retiro. Após um tempo, montou o próprio escritório. 

Fez o Bar-Mitzva na Sinagoga do Brás, em uma cerimonia simples, “muito pobre”, como diz, contou que o pai não possuía condições...a mãe era muito doente, eram humildes, mas muito decentes sempre. 

Familia de sra. Dora,
(esposa de Sr. Moises)
Comentou que a comunidade do bairro era grande, inclusive o salão de reuniões e baile era na própria sinagoga, mas não era “tão frequentado”, a maioria dos jovens ia para no Bom Retiro: “Pegava o bonde, fazia os passeios e namorava...sempre no Bom Retiro, a maior comunidade estava lá”. A comunidade do Brás não era muito religiosa. Como sr. Moises fala, “faziam as lições de casa como religião”. Inclusive o pai, frequentava a sinagoga do Brás, ficava com as chaves, cuidando da sinagoga. Depois o pai foi morar no Bom Retiro, uma irmã da mãe do sr. Moises morava no bairro..

Lembrou que a família Liberman que também cuidou do Shil. Havia o comércio das famílias que vieram da Europa, porém os filhos, através do estudo, seguiram caminhos diferentes. 

“A sinagoga, com o tempo,  foi decaindo. Talvez ainda haja famílias judias no bairro, não sabe...” Quando casou (está casado há 53 anos), já havia saído do Brás, assim como o irmão...já moravam no Bom Retiro.

O pai, em Yom Kipur e Rosh Hashana, ficava na Sinagoga do Brás, mas o sr. Moises e seus amigos não se interessavam muito, preferiam ficar na rua, conversando... 

A sinagoga não possuía lugar marcado, nem se pagava para frequentar. Afirma que, pelo que sabe, quem construiu a sinagoga foi o sr. Luiz Fleitlich, o mesmo que construiu a escola, mais ou menos na mesma época. A sinagoga, em si, funcionava na parte superior de um edifício, com acesso por escadas laterais, e um salão de festas ocupava a área inferior deste, semelhante à Sinagoga do Cambuci.

Frequentou o Hashomer Hatzair, no Bom Retiro, e o Avanhandava...foi escoteiro, lobinho, as reuniões eram em sua casa, na Rua Coimbra. "Era uma alegria”, afirma. Jovens do Belém, Moóca, Brás, Penha. “Sr. SilvioTarnovscki era da Penha”. Lembrou também de sr. Adolfo Rosenberg. Na época em que o sr. Moises morou no Brás, muitas famílias já tinham se estabelecido no bairro, abrindo lojas, inclusive na Av. Celso Garcia, vendendo bolsas, malas, roupas, moda para mulheres.

Em nossa conversa, comentou que não sabe se ainda há famílias judias no Brás. Ficou surpreso quando contei que ainda são feitas as rezas de Shabat na Sinagoga do Brás, organizadas pelo Sr. Simão Priszculnik.

Não guardou fotos da sinagoga, porem disponibilizou algumas fotos, aqui publicadas... Sr. Moises lembra que foi “um tempo bom a época em que morou no Brás, uma época que não volta mais, mas que fica na memória...” E a memória de sr. Moises é surpreendente!

domingo, 25 de dezembro de 2016

Um pouco sobre a comunidade judaica no Brás


Diversas foram as famílias, da comunidade judaica, que se estabeleceram no bairro do Brás, que participaram da Sinagoga Israelita do Brás, à rua Bresser,47, que fizeram parte da União da Mocidade Israelita do Brás, à Rua Bresser, 13 e também da Escola Luiz Fletlich. Entre estas, temos as famílias de Silvio Ary Priszkulnik, Beatriz Blay, Deborah Rozenkwit, Leonardo Gliksberg, Heitor Goldflus, Marta Hepner Tkacz, Sidney Berel Sizer, que encaminharam mensagens, comentando e colaborando com este blog.

Podemos citar ainda as familias Teperman, Feffer, Kassinsky(Kasinski), Meltzer, Kohan, Jacob Kutcher, Kuchnir, Jagle, Rolnick, Leguer, Rozenblat, Serber, Waldman, Bilenki, Moscovich, Kauffman, Dascal...

Famílias originárias da Europa, de países como Polônia, Bessarábia/Romênia, Rússia, Ucrania, Alemanha, quase todos trabalhando como como profissionais liberais, como Klientelchicks, como comerciantes (lojas de móveis, por exemplo).

Bairro de indústrias e casas de classe média, muitos da comunidade moravam e circulavam pelas ruas Bresser, Coimbra, Belo Horizonte, Brigadeiro Machado, Hipódromo, Silva Telles, Joli, Largo da Concórdia, entre outras.

Alguém de vocês fez, ou ainda faz parte da comunidade judaica do Brás? Frequentou a Sinagoga Israelita do Brás? A Escola Luiz Fleitlich ou a União Mocidade Israelita? Possuem fotos? Documentos? Objetos? Projetos? Histórias para contar?


Participe você também deste resgate da memória da comunidade judaica, de sua arte, arquitetura e suas sinagogas em São Paulo!!

domingo, 18 de dezembro de 2016

Imigrantes no bairro do Brás


A Hospedaria de Imigrantes, hoje em dia Museu da Imigração do estado de São Paulo, à rua Visconde de Parnaíba, 1316, recebeu aproximadamente 2,5 milhões de pessoas desde a sua fundação até 1978. 

Nos anos 40, como já dito no post anterior, imigrantes provenientes do Nordeste, fugiam da seca, chegavam ao Brás, iam para a Hospedaria dos Imigrantes...

Moinho Matarazzo: patrimoniohistorico.prefeitura.sp.gov.br

No período industrial, muitos imigrantes montaram suas fábricas no Brás. Na Rua Monsenhor Andrade, esquina com a Rua do Bucolismo, por exemplo, foi instalado o Moinho Matarazzo, primeira fábrica de grande porte do Brasil, inaugurada em 1900, seguindo o padrão da arquitetura fabril inglesa. Já em 1933, foi fundada a Metalúrgica Matarazzo, na Rua Caetano Pinto, 575. Também na Rua Monsenhor Andrade foi instalada a Companhia Mecânica Importadora (Alexandre Siciliano) e, na Rua Rodrigues Santos, as fábricas de juta e lã de Antônio Álvares Penteado. 

Tomado por chaminés e apitos, o Brás, assim como a Mooca, o Bom Retiro e o Bexiga, se estabelecia como bairro operário e, em grande medida, ítalo-paulistano. Muitos que moravam no Brás viviam, em cortiços e casinhas geminadas. O bairro, empoeirado e barulhento, era sujeito a alagamentos

Realmente, a chegada o metrô nos anos 70, considerada por muitos moradores como uma transformação traumática, foi modificando a paisagem do bairro. Para que fossem estabelecidas as estações, mais de 900 imóveis, entre casas e cortiços, foram desapropriados. Surgiram novos edifícios ao longo da linha do metro O bairro de italianos e dos migrantes nordestinos sentiu a mudança.

Aos poucos, e principalmente nos anos setenta, os migrantes iam transformando a imagem do comércio, vendendo em praça, estabelecendo a cultura local do comércio popular que, no Brás, existe até hoje no formato de lojas de atacado e ruas temáticas de compras e comércio especializado. Por exemplo, a Rua Piratininga, com suas lojas de máquinas usadas e peças de veículos fora de série; as Rua Joly, Muller, Silva Teles, Xavantes, Barão de Ladário, Celso Garcia, além da Rua Maria Marcolina e Largo da Concórdia, com as confecções. A Rua Oriente ainda é um dos principais pontos de comércio de enxovais e a Rua do Gasômetro concentra o comércio de madeira.


A presença de um comércio de características populares, que tomaram o lugar das casas e comércio de antigamente, também é grande, especialmente nas avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia, por serem tradicionais vias de passagem de moradores da Zona Leste que trabalham no Centro da cidade. 
As ruas do Brás fervem durante a semana e se aquietam, de alguma maneira, aos domingos.


Comento ainda sobre a Feirinha da Madrugada, que teve seu início em 2003 na Rua 25 de Março, mas que migrou para a região do Brás. O ponto mais conhecido fica na Rua Oriente,  Rua São Caetano, Rua Monsenhor de Andrade e Avenida do Estado.

Podemos citar ainda a Rua Coimbra, e travessas próximas, que há mais de dez anos se tornaram um ponto de encontro da comunidade boliviana que vive em São Paulo.


Bem, mas e a comunidade judaica do Brás, sua sinagoga e escola??? Leia um pouco nos próximos posts...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

O bairro do Brás

           Brás em 1914- http://www.jorbras.com.br/portal
O bairro do Brás, situado na região central de São Paulo, nasceu como uma região de chácaras, cresceu e se desenvolveu como bairro dos imigrantes italianos, depois acolheu os migrantes nordestinos, conheceu diversas mudanças urbanas e hoje é conhecido como um dos principais centros do comércio popular na cidade.

A origem do Brás está ligada à figura do português José Brás, proprietário de uma chácara na região e que teria construído a igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, ao redor da qual desenvolveu-se um povoado. 

A região era conhecida como paragem do Brás, pois servia de parada para os que se dirigiam da freguesia da Sé e à freguesia da Penha, onde já existia um povoamento desde o século 17. Esse caminho conhecido como estrada da Penha, compreende hoje as avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia. 

Em 8 de junho de 1818, o Brás passou à categoria de freguesia e a igreja construída por José Brás tornou-se a sua matriz. Surgia o bairro do Brás. 

Mesmo assim, o Brás era um bairro despovoado, com  áreas vazias e características rurais e atividades agrícolas. As inundações do rio Tamanduateí impediam o crescimento do bairro e o isolavam do centro da cidade. 

O Brás, entretanto,era também caminho para o Rio de Janeiro e Vale do Paraíba, cresceu com a doação legal de terras e também com a posse ilegal de terrenos devolutos. Casas de taipa foram construídas ao lado de chácaras de famílias ricas.

A partir da segunda metade do século 19, a cultura do café impulsionou a urbanização e industrialização da cidade de São Paulo. Chegaram à cidade os trilhos da São Paulo Railway, que ligava Santos a Jundiaí. A estação do Brás foi inaugurada em 1867 e, ao longo desta estrada desenvolveu-se a indústria e o pequeno comércio. Com seus terrenos baratos, Brás e Moóca tornaram-se o principal destino da maioria dos trabalhadores que chegavam à cidade.


A forte presença de imigrantes, em especial italianos, caracterizou o bairro nessa época. Os que chegavam da Europa e de outros lugares ao porto de Santos eram levados de trem até São Paulo e de lá eram encaminhados para as lavouras de café no interior de São Paulo. 

Muitos ficaram na cidade atraídos pela indústria e comércio. A Hospedaria de Imigrantes, localizada no Bom Retiro acabou sendo transferida para o Brás. Construída ao lado dos trilhos do trem, a Hospedaria de Imigrantes recebeu seus primeiros "hóspedes" em 1887.


O Brás cresceu com a chegada dos imigrantes. Novas ruas e alamedas foram abertas, entretanto, o bairro continuou com muitas ruas intransitáveis e durante a época das chuvas, as águas do rio Tamanduateí inundavam as ruas do Brás.

A partir de 1940, o bairro passou a receber migrantes que chegavam à cidade. O reduto de italianos conheceu o crescimento desordenado e a decadência. 

Na década de 70, com a construção das estações Brás, Pedro 2º e Bresser do Metrô, centenas de casas foram desapropriadas e milhares de pessoas perderam suas casas. Hoje, as ruas do bairros são sinônimo de comércio. Como outros bairros paulistanos com fortes traços de imigração italiana, o Brás também criou sua festa tradicional- a festa de São Vito.

O texto acima consta de diversos sites ligados ao bairro do Brás. Vejam mais em:  http://almanaque.folha.uol.com.br/bairros_bras.htm

Leiam nos próximos posts um pouco sobre o Brás de hoje em dia... e sobre a comunidade judaica do bairro. Alguém quer contribuir com histórias, fotos, noticias, plantas, moradias, documentos????


domingo, 11 de dezembro de 2016

Sinagoga Cilly Dannemann, Rabino Dr. Michael Leipziger, Nosso Lar, Lar Golda Meir...

Em uma manhã ensolarada do dia 07 de dezembro de 2016, no Clube A Hebraica, pude conversar com o Rabino Dr. Michael Leipziger, rabino que trabalhou no Lar Golda Meir, antigo Lar dos Velhos, na década de 1990, em período integral, sob as gestões dos senhores Jacob Prist, Isaac Newmark, Hugo Kuperschmidt e Milton Zlotnick. 

À época, o “Nosso Lar” possuía 300 residentes, e seguia um modelo de “clube” e “Centro de Convivências”, com atividades diárias, oficinas, aulas, programações, palestras e passeios para os que lá residiam, com orientação de uma equipe multidisciplinar, além de um centro médico e infra-estrutura necessária para um bom atendimento. 
Ocupava, então, uma área de 17.560m², com um amplo e belo jardim e diversos edificios.


Pode ser que você esteja se perguntando...mas as publicações sobre o antigo Moshev Zekenim, e a Sinagoga Cilly Dannemann, já não foram feitas?

Cabe assim um comentário: a pesquisa e busca de material, relativo às sinagogas das quais já escrevi, permanece. E cada “descoberta”, cada contribuição, irei divulgar e compartilhar com vocês, leitores...

A primeira informação que Rabino Dr. Michael Leipziger me passou, assim que começamos a conversar, e a qual eu não tinha conhecimento, relaciona-se ao entalhe na madeira lateral do Aron Hakodesh da Sinagoga Cilly Dannemann, um entalhe com o nome de S.Roder...

Samuel Roder (1896-1985), arquiteto russo que projetou a sinagoga Beth-El, atual Museu Judaico e trabalhou com Barry Parker na Cia. City. Atuou também como arquiteto independente em projetos de residências com linhas deco e também modernista.  Considerando as linhas retas do edifício da sinagoga, pergunto: será que foi Samuel Roder o autor do projeto da Sinagoga Cilly Dannemann? Ou será outro o engenheiro/arquiteto responsável pela sinagoga?

Como comentou Rab. Dr. Leipziger, a sinagoga permaneceu com sua configuração original até a década de 1990, havia minianim nas rezas diárias, todos os chaguim eram comemorados, as famílias reuniam-se nos Sedarim de Pessach, em Rosh Hashaná, em Yom Kipur, Purim e demais festividades. Pessoas de fora do Lar vinham rezar Kadish na sinagoga, os residentes rezavam Kadish a pedido de famílias que não o faziam. De certa forma havia interação entre os que moravam no Lar e a comunidade judaica exterior a este.

A cada período, o Lar passou por diferentes modelos e formas de atuar e pensar, seja a de Asilo, Lar, Centro Comunitário, Hotelaria, Residencial Médico. Em foto anteriormente publicada, da diretoria do Lar dos Velhos de 1959, Rab. Dr. Leipziger aponta o sr. Roman Luftig, um senhor que estudava a terceira idade, um teórico e prático deste assunto. Não me aprofundo neste tema, pois este não é o foco da pesquisa... há publicações relacionadas ao Lar Golda Meir e ao Residencial Albert Einstein que se atentam a estes pontos.


A Chevra Kadisha de São Paulo propiciou a edição do Machzor Completo - Edição Comemorativa dos 60 anos do Lar Golda Meir, organizado pela Ed. e Livraria Sefer, época em que o Rab.Dr. Lepziger atuava no Nosso Lar/ Lar Golda Meir. Neste, estão registrados os nomes de diretores eleitos: Milton Zlotnick como presidente, 1.vice-presidente Henrique Boborow. 2.vice-presidente Victor schubsky, vice-presidente financeiro Marco E.Matalon, vice-presidente patrimônio Paulo Proushan, secretário-geral Mario Pedro Lagus.

Demais diretores médicos, tesoureiros, secretários, diretores de relações públicas e demais diretorias também estão citados...

Hoje em dia Rabino Arnold M.Turchick, rabino que me passou o contato do Rab. Dr. Lepziger, trabalha no Lar durante a semana, nos períodos da manhã...

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Restauro, Revitalização, Retrofit, Rearquitetura...como assim?

Para prosseguirmos e podermos entender mais um pouquinho sobre patrimônio arquitetônico, histórico e artístico, seguem abaixo algumas observações relacionadas ao último post...

Caso queiram conhecer um pouco mais detalhadamente sobre o assunto, vale a consulta a livros especializados, e a entidades e órgãos, públicos ou não, voltados ao tema.

O Restauro de um edifício recupera e preserva a estrutura e unidade do edifício, através de intervenções técnicas, de acordo com critérios científicos de conservação, devolvendo ao mesmo as características originais. Geralmente em bens tombados...

A Revitalização de uma edificação significa realizar intervenções em edifícios ou áreas urbanas a fim de torná-los aptos a terem usos mais intensos, dando nova vida aos mesmos, e tornando-os atrativos para novas atividades, e garantindo nova vitalidade da área.região onde se localiza.

Já no Retrofit, conceito surgido na Europa e Estados Unidos, a proposta é “colocar o antigo em forma”, através de intervenções em estruturas antigas, estendendo a vida útil destas, readequando às exigências atuais, e reinserindo-as na área urbana existente. Através da revitalização, e mais do que uma simples reforma, ele envolve uma série de ações de modernização cujo objetivo é preservar “o que há de bom na construção existente”...sempre com o compromisso com as características originais do edifício. 


Estes podem receber adaptações tecnológicas, modernizações na rede de água e esgoto, rede elétrica, elevadores, aquecimento/ refrigeração, soluções telefônicas...sempre respeitando as normas vigentes quanto à acessibilidade e segurança.


Outro termo que vem sendo utilizado é a Rearquitetura, com soluções de aproveitamento do edifício existente a um novo uso com a realização de transformações significativas e necessárias, reciclagem, demolições e acréscimos significativos, requalificação dos espaços, adequando e otimizando o uso à nova função do edifício...


Pensando nas soluçoes acima, que tal conhecer o Memorial da Imigração Judaica, o Ten Yad e o Museu Judaico, aqui em São Paulo???

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Sinagogas e um pouco sobre o Patrimonio Arquitetonico


Aqui faço uma pausa para falar um pouquinho sobre a questão relacionada a patrimônio histórico e arquitetônico, que postei há um tempo... 

Gostaria de comentar alguns pontos que estão sendo considerados e pensados, no andamento das pesquisas e levantamentos que tenho feito e, tambem, nas postagens das contribuições que voces leitores tem encaminhado:

Podemos perceber que aprender com o nosso passado, nossas memórias e raízes é fundamental para respeitamos e resgatarmos a nossa história, e indispensável para construirmos nosso presente e projetarmos o futuro.

A nossa memória depende da capacidade de conservarmos o nosso patrimônio. Não somente os elementos fabricados pelo homem, mas também o conjunto de conhecimentos produzidos e acumulados... Este conjunto, o físico, social e econômico constitui-se de espaços urbanos de importância e significado destacado na leitura da cidade, independente de época ou “qualidade” histórica.

Para a preservação e revitalização do patrimônio histórico e ambiental urbano como um todo, abordamos o caráter representativo, e não só os elementos excepcionais ou de monumentalidade, nos seus aspectos históricos, sociais, culturais, formais, técnicos ou afetivos.

Esta ação de preservação dos edifícios, dos seus espaços internos, externos, de seus objetos, seus documentos, considerados patrimônio de nossa comunidade, contribui para a nossa memória e identidade...

Em relação às sinagogas, podemos considerar principalmente a manutenção destas através do uso para a qual foi construída. Muitas vezes faz-se necessário o restauro e conservação do edifício, ou a recuperação através de um retrofit, de uma reforma.

Por outro lado, considerando-se a sociedade em constante transformação, podemos pensar em revitalizar os edifícios, através de mudanças de uso ou de rearquitetura... Exemplos destes estão presentes hoje no Museu Judaico que sediava a Sinagoga Beth-El, no Memorial da Imigração Judaica que sediava a Sinagoga Kehilat Israel, no TenYad , que sediava a Sinagoga Centro Israelita de São Paulo(Knesset Israel).

Retrofit, revitalização, rearquitetura, restauro...voce pode estar se pensando e se perguntando...como assim???


Bem, acompanhem os próximos posts...

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Lembranças da Sinagoga do Cambuci

Muitas lembranças e memórias estão sendo compartilhadas tanto sobre a Sinagoga do Cambuci, como sobre a Escola Israelita do Cambuci, como já pudemos ver, inclusive, em posts anteriores.

Suely Starobinas Chusyd, cujos comentários já publiquei, encaminhou as fotos abaixo: foto do tefilim do filho André, na Sinagoga do Cambuci.  E da família Chusyd, vizinhos e frequentadores da sinagoga desde pequenos...
A sra. Sara Dahis Royzen escreveu que "é forte a ligação com a Sinagoga do Cambucy" pois os pais a frequentavam em sua primeira infância, o irmão, hoje com 80 anos, estudou na "Escola do Cambucy". Mais tarde, os filhos da sra. Sara tambem lá estudaram. A Sinagoga, como comentou, ficou fechada por muito tempo, e agora, quando reabriu para as cerimônias de Kabalót Shabat, esteve com os filhos, sendo “tomados de uma emoção indescritível”. Realmente a iniciativa da Chavurá Boker de reiniciar os Kabalót Shabat é muito importante... e muito bonita. Sra. Sara relatou, também, que teve um elo de amizade muito grande com a minha mãe, Dora Dina Rosenblit Szwarcbart Z´I. E conta... “tratávamos uma à outra com nomes no diminutivo, desde os tempos da V. Mariana, onde eu e Dorinha morávamos, até bem mais tarde, nos encontrando no clube aos finais de semana.”

Como podemos ler nos comentários deste blog, Saulo Levy escreveu: “Minha avó, Rachel Krasilchik Levy foi professora de música na Escola do Cambuci, meu pai e meus tios fizeram o primário lá. Quando criança frequentei muito a Sinagoga no Shabat com meu Zeide Jafim Levy. Meu irmão mais velho fez bar-mitzva na Sinagoga. Enfim....Ótimas recordações desse lugar". 

domingo, 13 de novembro de 2016

A Sinagoga e a Escola Israelita Brasileira do Cambuci


O projeto da Sinagoga do Cambuci, “conforme consta do seu processo de aprovação Proc.52.062/40PMSP foi assinado pelo engenheiro Leo Bonfim Dei Vegni Neri, tendo como responsável pela construção David Biase...” Esta é uma informação que podemos ler no interessante artigo “Como cantaríamos o canto do Senhor numa terra estrangeira (Salmos,137,4)”, escrito pela Dra. Anat Falbel (UNICAMP/IFCH) e publicado no Boletim Informativo Arquivo Histórico Judaico Brasileiro 35, Ano IX-Janeiro/Abril 2006, páginas 10-18

Os projetos das sinagogas da primeira metade do século XX, como já comentado, refletiam o partido arquitetônico presente nas comunidades de origem dos imigrantes que as construíram.

A construção da Escola do Cambuci foi feita pelo sr. Samuel Belk, como já postado, e iniciou seu funcionamento em 1945. Francisco Moreno comenta que os pais trabalharam como zeladores desta, de 1954 a 1960, e lembra que fizeram parte professores como moré Levin, morá Sara Dingot (que na Polônia frequentava os círculos literários de Varsóvia) e mora Golda. A escola também absorveu refugiados judeus do Oriente Médio, chegados a partir de 56.


Francisco Moreno também nos conta também que "o Cambuci abrigou o movimento juvenil Kadima, do qual fez parte Iara Iavelberg, cuja família era do bairro do Ipiranga". 


terça-feira, 8 de novembro de 2016

Pinturas no Centro Israelita do Cambuci

No Centro Israelita do Cambuci, além das pinturas dos Mazalót, diversos outros temas constantes em diversas sinagogas estão presentes, em uma profusão de cores: 

                                Kotel Hamaaravi, Monte Sinai, Sarça Ardente, Dez Mandamentos, Shofar, 
                                              Rolos da Torá, CandelabrosKever Rachel, Maguen David, 


Interessante notar que a cor azul está presente, predominando em grande parte destes temas, como podemos observar nas fotos.

Assim como na Sinagoga Mordechai Guertzenstein, dois leões ladeiam as Tábuas com os Dez Mandamentos, situados sobre o Aron Hakodesh. A Bimá, em piso elevado em madeira escura, é cercada por uma balaustrada, também em madeira. Luminárias antigas e candelabros em prata foram preservados.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

As pinturas dos Mazalot na Sinagoga do Cambuci

Na Sinagoga do Cambuci, as pinturas dos Mazalot, ou dos signos do zodíaco, nos chamam a atenção. Nesta sinagoga, estes signos estão inseridos em pinturas murais, delimitadas por molduras, ao longo de toda a “mureta”, azul, que serve de proteção ao piso superior, ou melhor, ao “lugar das mulheres”. Cada símbolo corresponde a um mês do calendário judaico, como pode ser visualizado nas fotos ao lado.

Mazalót, zodíaco...como assim? Veja o interessante site http://www.chabad.org.br/biblioteca/artigos/zodiaco/home.html  "o zodíaco é um cinturão imaginário no firmamento celeste, representando doze grupos de estrelas (constelações), através do qual o sol e os planetas principais se movem no decurso do ano. Cada constelação é representada por um signo. Quase todos os signos do zodíaco são chamados pelo nome de um animal, daí o nome "zodíaco", do grego "zoon", uma criatura viva... em lashón hakódesh eles não são chamados de zodíaco, mas simplesmente mazalot”. Vejam mais neste site sobre a relação do mês, o mazal-constelação deste, o símbolo/signo, e o significado de cada um...

Em relação aos desenhos dos Mazalot, Francisco Moreno, que freqüentou a sinagoga do Cambuci nos anos 80-90, nos conta que foram feitos por um artista-arquiteto judeu polonês, o mesmo que, segundo ele, também decorou a sinagoga do Brás. Este artista voltou para a Polônia antes da II Guerra Mundial.

Como comenta, a representação do zodíaco era um tema artístico e motivo decorativo comum a várias sinagogas da Polônia e do leste europeu como um todo.

Podemos ler um artigo interessante que cita os símbolos do zodíaco em sinagogas da Polonia na Revista Morasha,  Edição n.53, de junho de 2006, “Sinagogas em Madeira”. 

Sinagoga de Chodorov-foto Yad Vashem
No artigo vemos que: “...Construídas por todo aquele território, especialmente na Polônia, Rússia, Lituânia, Ucrânia, durante os séculos 17 e 18, as sinagogas de madeira se tornaram um marco na arquitetura judaica e na arte litúrgica...No século 18, Israel Lissnicki pintou o interior da sinagoga de Chodoróv...Destacam-se, retratados com grande maestria, pavões e leões, flores, peixes e pássaros, aliados aos doze símbolos do zodíaco e aos principais do judaísmo, como a menorá, as Tábuas da Lei e objetos de culto do Templo de Salomão. Além disso, inscrições bíblicas e paisagens, com destaque para a de Jerusalém. Tudo isto, mesclando-se e entrelaçando-se, delicadamente, em ornamentos em folhas, volutas e medalhões, que recobriam todo o primoroso conjunto. As cores usadas na pintura eram âmbar-perolado com raios em vermelho-tijolo.


Este tema também estava presente em algumas sinagogas em Israel e realizados em mosaicos, a exemplo de Beith Alfa, proximo a Beith Shean, como podemos ver na foto ao lado (foto do site https://en.wikipedia.org/wiki/Beth_Alpha )


Aguarde os próximos posts, aonde poderá conhecer mais sobre as demais pinturas murais desta sinagoga...

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Muitos são os que começaram a entrar em contato, para falar sobre a Sinagoga do Cambuci....

Muitos são os que começaram a entrar em contato, para falar sobre a Sinagoga do Cambuci....

Suely StarobinasChusyd escreveu que a família Chusyd foi frequentadora assídua da sinagoga do Cambuci. Moravam inclusive na mesma rua. Assim como o pai Ari Chusyd Z'L, os filhos fizeram o Bar-Mitzva nesta sinagoga.
E  diz... “Ela é muito bonita mesmo!”

Como comentei, a primeira vez que estive nesta sinagoga foi no Simcha Bat da filha da Suely...

O sr. Samuel Belk informou que construiu a escola ao lado da Sinagoga, sendo uma de suas primeiras obras depois da formatura, e o sr. Helio Pilnik, que hoje em dia mora em Santos, também frequentou a sinagoga durante muito tempo.

 
Keila Matalon contou que a sinagoga foi fundada pela familia do avô materno, Jacob Moises Lafer, tendo frequentado a mesma durante muito tempo, local “onde funciona um grupo de Maçons”.

Neste sentido, e relação à construção desta sinagoga, podemos verificar na placa de 1941, na foto ao lado, os nomes dos que fizeram parte da “Comissão que construiu a Sede Social”:
Presidente: Benjamin Lafer
Vice-presidente: Pedro Waidergorn
Secretário: Elias Sitzer
Vice: Herman Sidsamer
Tesoureiro: Mauricio Zimberg
Vice: Luiz Chamis
Conselho Fiscal composto por: Abrão Gerson, Benjamin Zimberg, David Klevand, Raphael Kremer e Germano Baumohl

Interessante notar a placa do Merkaz-Israel-de-Cambuci, com as datas de 1925-1965, o que aponta a comunidade judaica presente muito antes da construção deste edifício, contendo os nomes dos presidentes Miguel Blay, Sigismundo Spindel, Benjamin Lafer e Abrão Zaguer.


No post anterior falei sobre as “plaquinhas” dos sócios da época e o detalhe de permanecerem fixas nos bancos, e muito bem conservadas, até os dias de hoje, como a que pertencia ao sr. Rafael Creimer


Mais alguns fatos e histórias da sinagoga, inclusive sobre as pinturas murais e o zodíaco você poderá ler no próximo post...foram contadas por Francisco Moreno...

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Apresentando o Centro Israelita do Cambuci

O Centro Israelita do Cambuci, fundado em 1941, situa-se à Rua Teixeira Mendes, 54, próximo à Rua Lavapés, e ao lado da Escola Israelita Brasileira do Cambuci, que ali funcionou até fundir-se com o Colegio I.L.Peretz. 

Em uma quarta-feira de agosto de 2016, pude revisitar esta sinagoga através de um convite e sugestão de Beto Barzilay, a quem agradeço, aqui, novamente. 

Fiquei impressionada e feliz ao ver este edifício conservado e mantendo, dentro do possível, suas características originais.

A edificação possui um salão para kidush no piso térreo e, da mesma forma que na Sinagoga Mordechai Guertzenstein, duas escadas laterais conduzem à entrada desta, no primeiro piso. Aqui, porém as escadas situam-se na parte externa. 

Neste primeiro piso, uma porta de madeira de folha dupla dá acesso à ala masculina. 

Fileiras de bancos e respectivos apoios para sidurim, com espaço para guardá-los, ladeiam um corredor central. Tais bancos, em madeira, ainda conservam as plaquinhas de identificação de seus antigos ocupantes. 


Já a ala feminina situa-se em um piso superior, no formato das antigas sinagogas.

Como Beto comentou, esta sinagoga ficou desativada durante 15 anos, sendo reaberta em junho de 2014. 

Mensalmente, um grupo de voluntários que integram a Chavurá Boker organiza um Cabalat Shabat comunitário e voltado para a participação ativa das crianças 


As pinturas murais merecem um post à parte, assim como a área da Bimá e Aron Hakodesh...

E voce, fez ou faz parte da história do Centro Israelita do Cambuci? Sabe de algum fato interessante? Gostaria de acrescentar algo como já o fez Keila Matalon